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equilíbrios complexos |
durante as minhas caminhadas na praia ou ando com os olhos fixados no horizonteis a fazer as minhas análises e a repor tudo em questão, ou olho para as cores dos biquínis das mulheres a tentar ver qual é a cor mais popular. mas a fazer esse segundo exercício, é difícil não notar as diferentes categorias. não de roupa de banho, mas de mulheres. há claramente grupos bem distintos.
1. as solteiras que viajam com amigas e aparecem na praia com maquilhagem total, a usar todas as joias que possuem, de penteados e roupa elaborados, a tirarem em permanência fotos uma a outra em posições exigentes e pouco naturais que sugerem que não devem ter melhor coisa para fazer na vida e apontam para um alto nível de desespero para encontrar alguém que as foda.
2. as raparigas que estão em relações novas e que felizmente já deixaram joias e penteados em casa porque assim é mais prático para vigiar que o tal namorado se contorcione em todas a posições imagináveis para tirar uma foto que possa ser na capa duma revista de dietas ou algo do género, e que requer pelo menos 1500 ensaios para acertar na posição/luz/direção do vento/humor do dia/não sei o quê (riscar a menção que não se aplica).
3. as mulheres refeitas (não tenho nada contra a cirurgia plástica, mas tudo contra a cirurgia plástica que mexe com as proporções naturais do corpo) que nem se sabe muito bem como estão vestidas nem por quem estão acompanhadas porque o tamanho dos lábios e dos seios tapa incluso o sol e não se consegue pensar em nada durante um tal eclipse.
estas três categorias são minoritárias e não devem representar mais de 10%. depois seguem dois grupos infelizmente maioritários).
4. as mulheres com filhos (pelo menos um), com barrigas flácidas ou como se continuassem grávidas mesmo que já não estejam, quilos a mais, tamanhos de soutien mal escolhidos e rabos preocupantes. uma imagem bem desoladora, sobretudo que muitas devem ter menos de 40 anos. ignoro como se pode deixar estar num tal status quo e escolher ser uma versão fisicamente medíocre de si próprio.
5. as septuagenárias + com mamas beringelas e barrigas balões como se estivessem no décimo primeiro mês da gravidez, tudo a pendurar, bem vermelho, nu e exposto a ficarem em pé ou a andarem na praia. curioso como é que podem pensar que haja alguém, que não queira fugir ao ver tais tristezas...
e, finalmente, outro grupo minoritário:
6. as mulheres que cuidam do corpo e não estão interessadas em parecer baleias. independentemente da idade e dos filhos (que têm ou não têm). paradoxalmente, é o grupo que menos se nota porque é o mais neutral e não procura estar no centro das atenções.
a julgar pela população da praia, estamos num caminho entre aparências artificiais e descuido total. agora todos parecem ter mérito por serem quem são. tudo consegue justificar-se. tudo é atentado à integridade pessoal. parecer um hipopótamo deve ser fonte de orgulho. mas essas desculpas de merdas só servem para tranquilizarem consciências e mentalidades fracas. que, para mim, a única coisa potencialmente orgulhosa que se possa ver nisso é quando se deixa finalmente de merdas e se decide seguir um regime e fazer desporto.